24.12.09

22.12.09

AVATAR (2009), de James Cameron

Um monte de gente já disse tudo que havia para dizer sobre AVATAR, novo filme do James Cameron, que desde TITANIC (97) estava sem colocar a mão na massa.

Mas gostei do filme. Como uma boa aventura, um bom entretenimento, a coisa funciona tranquilamente. Mas é só. Quem esperava o velho Cameron da época de O EXTERMINADOR DO FUTURO II vai se sentir frustrado, porque a atenção do diretor aqui é somente no visual, nos efeitos especiais, em como utilizar os recursos do 3D, etc, deixando de lado a preocupação na forma, na estrutura, ritmo, conteúdo, personagens...

Mas nada disso faz muita diferença quando a pretensão do diretor era mesmo submeter o seu público a uma experiência visual impressionante e sem precedentes. De fato, Cameron cumpre o que prometeu com a ajuda da tecnologia ultra moderna. A concepção visual do universo desenvolvido por Cameron e seus artistas já pode ser considerada um marco na história dos efeitos especiais.

Então o negócio é sentar e relaxar, embarcar na aventurazinha cuja diversão é garantida. Não que o enredo seja ruim, mas muita gente tem reclamado da ingenuidade e de como Cameron perdeu a mão para certos detalhes que o diferenciava dos outros diretores. Realmente, AVATAR é repleto de clichês que poderiam ser evitados, como discursos encorajadores e vários outros momentos piegas em que o herói está em seu avatar.

Aliás, meus olhos sentiam um alívio visual quando o protagonista acordava e os atores em carne e osso podiam ser vistos (porque tanta masturbação sensorial me cansou um pouco), principalmente com o Stephen Lang em cena, de longe a MELHOR coisa do filme. Se existe algo que James Cameron comprova que não perdeu foi sua capacidade em construir vilões. Lang está perfeito em todos os sentidos. Tem presença e sabe atuar. Já havia roubado a cena em INIMIGOS PÚBLICOS e aqui o faz com maestria novamente. Incrível como esse sujeito não havia se destacado antes. 2009 é o ano de Stephen Lang! Está lançada a minha campanha!

Enfim, AVATAR não é a maior maravilha do cinema de todos os tempos (como muita gente parecia estar esperando) e está bem longe disso, mas possui seus méritos e merece ser visto como mais uma ótima diversão.

NINJA (2009), de Isaac Florentine

Quem acompanha o Dementia 13 sabe do meu caso de amor com os filmes de ação old school dos anos 70, 80 e 90. Época boa que não volta. Mas de vez em quando acaba surgindo algum exemplar feito à moda antiga para alegrar meu pobre coração. NINJA é um desses casos, um belo revival dos clássicos filmes oitentistas ao estilo AMERICAN NINJA, com um sujeito ocidental usando esses pijamas pretos com a cara coberta, tendo que demonstrar suas habilidades por algum motivo que não tem tanta importância. O que vale mesmo é a quantidade de vagabundos levando chutes na cara!

O único elemento que contextualiza a produção, tecnicamente, na época atual são os malditos efeitos especiais, embora sejam discretos, mais especificamente para recriar sangue artificial. No restante, NINJA funciona muito bem como filme de ação sem cérebro, divertido até o talo, com pancadarias a cada cinco minutos nos mais variados tipos de ambientes, desde becos escuros, terraço de um edifício ou o interior de um vagão de metrô em movimento.

As atuações são péssimas e Scott Adkins, apesar de promissor, não chega nem ao calcanhar de Michael Dudikoff (como se este fosse um excelente ator!!! hehe), mas isso é o de menos. Seu personagem, Casey, possui bastante semelhanças com Joe Armstrong do filme AMERICAN NINJA. Ambos são órfãos, recebem treinamento ninja e se apaixonam pela filha do mestre. Em NINJA, o protagonista ganha um desafeto com Masazuka, um oriental que tem inveja do americano, por isso tenta matá-lo em um ataque de raiva e acaba expulso da academia.

A grande motivação que os roteiristas encontraram para dar um gás à trama é uma caixa guardada pelo sensei, interpretado por Togo Igawa, cujo interior mantém os artefatos ninjas de um lendário guerreiro da antiguidade. Bem, a caixa precisa ser transportada, Casey é o escolhido para a tarefa (juntamente com outros estudantes, inclusive a filha do sensei). É aí que Masazuka volta em cena para sua vingança.

Masazuka é um vilão interessante, que consegue representar uma verdadeira ameaça para o herói. O filme ainda coloca uma seita religiosa no enredo da qual saem os capangas que Casey enfrenta. As seqüências de lutas são o grande destaque, com ótimas coreografias e direção firme de Isaac Florentine, famoso por episódios de Power Rangers que dirigiu nos anos 90. Trabalhou também com Dolph Lundgren e um de seus últimos trabalhos foi THE SHEPHERD, com um baixinho belga que adoramos!

NINJA é exatamente isso, uma diversão sem compromissos, sem grandes pretensões. Para quem não curte nem os autênticos clássicos dos anos oitenta, não suporta ver Franco Nero de bigode encarnando um ninja, não sabe o que é uma katana shinobi, não entende como aquelas pequenas estrelinhas matam tão rapidamente, etc... recomendo distância! Caso contrário, sinta-se em casa.

14.12.09

CLASH OF THE TITANS - trailer

Geralmente este tipo de trailer não me enche os olhos. Por que será que estou com a impressão de que este filme vai ser massa?!?!

TERRITÓRIO INIMIGO (Enemy Territory, 1987), de Peter Manoogian

Quem não se lembra desse clássico dos anos 80, preciosidade que colecionou bastante poeira nas locadoras nos tempos áureos do VHS e até hoje continua obscuro? TERRITÓRIO INIMIGO é um b movie excelente que segue a mesma linha de WARRIORS, de Walter Hill, com um grupo de pessoas tentando sobreviver à mercê de gangues sedentas por sangue! Aqui isto acontece literalmente, já que a gangue em questão se autodenomina “The Vampires”.

Na trama, um corretor de seguros precisa recolher a assinatura de uma cliente que vive num condomínio do subúrbio de Nova York. Chegando lá, acaba mexendo com quem não devia e coisa toma proporções enormes quando acidentalmente um membro da tal gangue dos Vampiros acaba levando um tiro. É como se o protagonista entrasse num universo paralelo, dominado por esses seres estranhos. O sujeito recebe ajuda de um funcionário da companhia telefônica que estava no prédio, o qual também passa a ser perseguido. TERRITÓRIO INIMIGO se resume na tentativa dessas duas figuras em conseguir, a qualquer custo, sobreviver e fugir do local cercado pelos Vampires.

No elenco temos Gary Frank, que permanece no anonimato do grande público mesmo trabalhando no cinema até hoje. Ele interpreta o corretor de seguros que entrou na enrascada; até que trabalha direito e consegue passar o estado de espírito de seu personagem: um desesperado que precisa salvar seu emprego realizando este serviço e se vê, de repente, tendo que lutar e até matar para não acordar com a boca cheia de formiga. É, o filme faz refletir até que ponto seu trabalho vale a pena quando sua própria vida está em jogo. Ray Parker Jr. é o parceiro involuntário que cai de gaiato na mesma enrascada ao tentar ajudar o pobre corretor. Sua atuação não é lá grande coisa e há tempos desistiu da carreira de ator. Em compensação, é um ótimo compositor e é dele a música tema de OS CAÇA FANTASMAS!

O filme ainda conta com o grande Tony Todd, como o líder dos Vampiros, Stacey Dash e Frances Foster. A grande surpresa do filme é o Jan-Michael Vincent interpretando um veterano inválido do Vietnã, armado até os dentes, fazendo discursos impagáveis para os protagonistas. Os seus momentos são dignos de antologia e já valeriam o filme inteiro!

A direção é por conta de Peter Manoogian, “capacho” do produtor Charles Band, que produziu todos os filmes do diretor, inclusive este aqui. O trabalho de mise en scène é interessante para o estilo e convence tranquilamente o espectador que espera apenas 90 minutos de pura diversão. O filme cumpre muito bem esta tarefa com atmosfera densa em cenários apertados, diálogos típicos e muita ação! Yeah!

12.12.09

THE BAD LIEUTENANT: PORT OF CALL - NEW ORLEANS (2009), de Werner Herzog

É, a pirraça que o Ferrara fez quando o Herzog anunciou seu novo filme foi mesmo desnecessária. Mas quem ia adivinhar que o filme do alemão seria tão diferente da versão do diretor de O REI DE NOVA YORK? Ok, talvez muita gente tivesse adivinhado; o próprio Herzog afirmou que nunca havia assistido ao original, então o novo BAD LIEUTENANT não deveria mesmo ser encarado como um remake ou algo parecido. O único ponto em comum entre os dois filmes é o protagonista, um tenente da polícia corrupto, viciado em drogas, em jogos, etc, e as semelhanças acabam aqui.

Sendo a disparidade entre os dois filmes tão evidente, não é justo fazer comparações entre as versões, mas como filmes policiais, ainda prefiro o do Ferrara, uma das experiências mais deprimentes que já tive com um filme, aquela atmosfera e a atuação do Keitel são elementos difíceis de igualar. Ah, e aquele desfecho niilista! Demais!

Mas quero deixar bem claro que Herzog não faz feio; não vamos esquecer que é o HERZOG, pô! O sujeito que dirigiu AGUIRRE, FITZCARRALDO, NOSFERATU e tantos outros clássicos do cinema alemão. Não é de se surpreender que tenha feito um filmaço com este material.

Seu retrato do personagem central é extremo, politicamente incorreto, construido no limite, à beira de um ataque de nervos numa New Orleans suja e devastada pelo furacão Katrina. Deve-se tirar também o chapéu para Nicholas Cage, com uma performance de respeito, compondo um protagonista nos mínimos detalhes. É sua melhor atuação desde... er, quando mesmo? Enfim, o que importa é que o homem está genial e protagoniza um dos momentos mais bad ass do ano, na cena em que ele tenta tirar informações de duas velhinhas!!! Grande Cage...

BAD LIEUTENANT ainda possui alguns coadjuvantes de peso, como Eva Mendes, que demonstra porque os grandes diretores sempre querem tê-la no elenco (e não é somente pela beleza), Val Kilmer, praticamente numa ponta com diálogos, mas o faz com competência, e Brad Douriff, também aparece pouco, mas é bem aproveitado.

Portanto, para quem ainda estava com o pé atrás com este novo trabalho do alemão maluco só por causa da ligação com o filme do Ferrara, pode conferir sem medo, porque além de ser um filmaço policial bem acima da média atual, consegue ter substância suficiente para trabalhar com autoridade a dramaticidade e profundidade de seu protagonista, que é a verdadeira pretensão do enredo. E Herzog tem atitude e moral pra isso! Está em crédito comigo e totalmente perdoado pelos 10 minutos finais de O SOBREVIVENTE...

7.12.09

CYBORG - O DRAGÃO DO FUTURO (Cyborg, 1989), de Albert Pyun

Finalmente adquiri o DVD de CYBORG – O DRAGÃO DO FUTURO; não perdi tempo e já coloquei na agulha para rodar e matar a saudade de mais uma pérola que fazia minha cabeça quando era um guri. Ah! E minhas lembranças não me traíram! Continua um deleite... Queria ter escrito sobre ele antes, pois já faz algumas semanas que eu assisti, mas o tempo apertou demais e acabei vendo pouquíssimos filmes. Espero que nos próximos dias tudo se regularize.

CYBORG é mais uma variação do subgênero “pós-apocalíptico”; filmes em que vislumbramos o futuro da pior maneira possível, com suas cidades destruídas por alguma catástrofe natural ou não, geralmente com um punhado de pessoas que já perderam a noção de humanidade tentando sobreviver ao caos, enfrentando as piores desgraças... e você aí reclamando da vida.

No futuro, a peste devastou com a população mundial e a esperança do que resta da humanidade é a segurança de uma cyborg detentora da cura e que precisa chegar a Atlanta, único local com estrutura para trabalhar com o material que provavelmente vai restaurar a ordem no mundo.

Mas existem grupos anarquistas que preferem deixar tudo como está. É o caso da gangue do maquiavélico Fender, que faz de tudo para impedir que a moça de lata chegue ao seu destino. Aí que entra o nosso herói, Gibson (sim, os nomes dos personagens são marcas de guitarras!), na pele do belga Jean Claude Van Damme, um mercenário que se propõe a ajudar, embora seja motivado por um instinto vingativo, rixa do passado entre ele e o Fender, o qual é muito bem explorado nos flashbacks do protagonista.

Dirigido pelo mestre dos B movies, Albert Pyun, que nunca escondeu sua predileção pelo universo pós apocalíptico e cyber punk, deve ter adorado trabalhar com todos esses elementos neste que é considerado o seu melhor filme (embora ele não tenha gostado de trabalhar com o baixinho). A principio, Pyun havia sido contratado pela Cannon para que levasse à telona o filme do Homem Aranha! Ao mesmo tempo, filmaria ainda, para a mesma produtora, a continuação de MESTRES DO UNIVERSO, aquele filme no qual Dolph Lundgren encarna o He Man. Sendo assim, foram construídos cenários, figurinos ultra bacanas (como podem observar na imagem acima) e todo o aparato necessário para as duas produções.

Sabemos que nenhum desses dois filmes chegou a ser filmado. Depois que a Cannon cancelou os projetos, Pyun apresentou uma estória que aproveitaria muito bem toda aquela estrutura e assim surgiu CYBORG. No entanto, o filme ainda chegou a ser promovido na TV carregando o nome MASTERS OF UNIVERSE 2: CYBORG!!!

O filme é bem curto, não chega a uma hora e meia, mas a ação é constante. Difícil esquecer algumas cenas antológicas, como toda aquela sequência que antecede a crucificação do protagonista – e Van Damme esparcado esperando seu oponente passar debaixo para dar o bote é genial – e a maneira em que se livra da cruz com toda aquela fúria me marcou bastante há vinte anos atrás. Hoje ainda reserva grande força para quem embarca tranquilamente na trama e neste tipo de diversão.

Além do baixinho, que se sai muito bem em cena, vale destacar o ator Vincent Klyn, o vilão Fender, que possui uma puta presença ameaçadora e poderia muito bem ter sido melhor aproveitado no cinema. O único outro filme que o ator participou e que me vem à mente no momento é NEMESIS, também do Pyun (claro que deve ter feito outros, mas estou com preguiça de ir ao imdb pesquisar, então descubra você, se estiver tão curioso assim).

Bah, eu posso estar sendo um nostálgico exagerado, mas CYBORG é um grande filme, ótimo veículo de ação para o Van Damme, de quem eu nutro uma enorme admiração desde pequeno, muito bem dirigido pelo Albert Pyun (ok, talvez eu esteja realmente exagerando!), ótimos cenários, atmosfera perfeita, efeitos especiais old school que chuta a bunda de qualquer CGI atual, trilha sonora marcante, etc e tal, mesmo sabendo que para a nova geração tudo isso não passa de uma tranqueira sem qualquer interesse...

Outros textos do Albert Pyun: VIAGENS RADIOATIVAS e NEMESIS

OBS: Enquanto postava, me lembrei que o Klyn também participou de CAÇADORES DE EMOÇÃO. Ele faz um dos mal-encarados que leva porrada na praia do Keanu Reeves e do recém falecido Patrick Swayze...